EU E O LINFEDEMA
Boooooooooooora faxinar! SÓ APARATADA.
Julho/2002. Fui encaminhada à
fisioterapia 15 dias após a cirurgia (retirada de drenos e pontos) com um leve
edema (normal após cirurgias) que regrediu nas primeiras semanas. Decorei todos
os exercícios de drenagem linfática e respiratórios (já contei que parei de
respirar no dia que recebi o diagnóstico? rsrsrs). No início meu marido e filha me
ajudavam com os exercícios, pois estava fraca, cabeça ruim, tive flebite no
braço direito e sentia muitas dores! Comprei meu aparato anti-linfedema (luva
especial, faixas de compressão para a mama, cintas, braço, faixas comuns). Tudo
caríssimo! Nem o SUS ou planos privados fornecem este material.
Meu aparato
anti-linfedema: em casa uso tudo que tenho direito, no trabalho não uso a luva
de compressão.Cheguei a usar, mas fiquei incomodada com a perguntação. Afffffff
Mário Quintana, que Deus o tenha, realmente tem razão: o pior chato é O CHATO
PERGUNTATIVO! E o assédio moral descarado ou velado dos chatos fdps? NUNCA PERMITA QUE TE MAGOEM COMO EU PERMITI ANOS A FIO! Saburrinha dimais que sou!
De julho/02 a Abril/03 vivi com as orelhas de pé e fiz
tudo religiosamente e com ajuda dos meus escudeiros!
Após licença médica de 11 meses... Contei que pirei o kbeção,
quase morri de medo, entrei em deprê profunda, tive crises de pânico, quase
matei a família? rsrssrsrs.
Voltei ao trabalho após perícia médica e readaptação no mesmo
local de trabalho, mas em outra atividade (mais didática, como higienista
dental, atendendo crianças). Fugi de tudo que era material odontológico
contaminado, exercícios repetitivos, evitando o máximo carregar peso. Na
primeira semana de trabalho sumi com a luva de compressão: odiei as perguntas
indiscretas, a cara de dó ou insinuações ofensivas e piadas LER?...DEZA (tudo
me ofendia) e assumi o compromisso da invisibilidade correndo literalmente de
qualquer coisa que levasse ao linfedema! Fiquei noiada!
Passar roupas pode? Sim, com luva e totalmente aparatada e no
meu limite, 1H. Cada um e cada qual estabelece o seu limite de atividades
domésticas e no trabalho fora de casa e este limite é dado pela dor e inchaço.
Eu sinto dores e peso no braço.
Neste perrengue tive que lidar com dois terrores: medo
de morrer e medo do linfedema! Sobrevivi nos primeiros meses aos trancos e
barrancos com a ajuda de fisioterapeuta, psicoterapia
(psiquiatra/psicanalista), com os tarjas-pretas anti-depressivos e
ansiolíticos. Meu lema era (não ria): “cabeça vazia oficina do diabo” e contra
o pemba... TRABALHO!
Meu kit para drenagem manual e alívio das dores
na mama e braço, punho, mão! Mas ainda tem geeeeeeeeeelo!
Para não “pensar” o jeito era me ocupar em casa e no
trabalho. Nesta fase ganhei o apelido de “burrita” de Dra Hilda Iturriaga
Himenez, a fisioterapeuta, porque abusava, morria de dores, enchia a cara nos
analgésicos, nas drenagens linfáticas em casa e na fisioterapia! Nunca fuxiquei
(artesanato) e faxinei tanto na minha vida! Virei dona NEURA!
É assim que
ficam minhas mãos após um dia de trabalho, mas ainda tem o trabalho em casa! As
veias quase pulam de tão cheias e aí tenho que parar e fazer drenagens e
massagens. Atualmente parei com analgésicos e só uso arnica, cânfora e EM
CASO DE ACIDENTES [sempre no busão] uso oral analgésicos e anti-inflamatórios quando vou fazer os exercícios de drenagem.
Machuquei
no busão. É incrível como tudo que pode dar errado acontece no lugar onde não
posso ter nadica de nada! Graças a Deus minha vacina contra Tétano está super
em dia!
Ocupar o kbeção dói pra cara...mba! Um dia, mais pra baixo que a sola de sapato, mais insignificante que cocô do cavalo do bandido, acatei (como ordem médica) escrever meus sentimentos! Melhor conselho que recebi na vida, obrigado Dr. Gabriel de Almeida Silva Jr., Te Amo!
Compre o seu na www.amazon.com.br e baixe aplicativo para ler no seu celular, iphone, ipad e iscambal! Merci. rsrsrs
Em 2005 parte do meu diário foi publicado pela COOPMED- selo Pelicano.10% das vendas do livro, parte que me coube, era doado ao PA-Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas/UFMG. O contrato acabou em 2010, não foi renovado e agora o livro está a venda no site www.amazon.com.br e a renda será usada sempre em favor da prevenção e assistência aos pacientes vítimas do câncer.
Fui salva com a escritoterapia.
Escrevi um diário que virou livro, foi publicado, salvou minha cabeça e meu
braço, recebi alta da fisioterapia [mas como não conseguia ficar quieta, voltei
e estou até hoje com Drª Hilda; escrevi um livro para o psicanalista, virei
iscrivinhadora, e nunca mais parei! Resolvi continuar com as sessões de
fisioterapia porque as metástases psicológicas (medo de morrer)... é uma
disgreta* total federal! Voltei para facul, fiz duas especializações em: Saúde
Mental e Trabalho e Direito material e Processual do Trabalho. Vivi
aceleradamente até início de 2008, correndo risco de edema no braço e fazendo
mil e uma coisa, um verdadeiro "Bombril" e tudo para não pensar em recidiva, isto
é, medo da doença voltar nos 5 anos de hormonioterapia! Burra e doida! Tnfuleco!
Foto tirada em 2006 quando voltei a usar esmaltes e
jogar cores na minha vida. Passei longo período usando branco ou preto,
retrato fiel de como via o meu mundo e futuro. É preciso ter projetos e sonhar,
disse-me Drª Hilda e entendi que era para pensar em longo prazo e não que iria
morrer a qualquer segundo!
NÃO FAÇO UNHAS DAS MÃOS, SALVO, PARA OCASIÕES ESPECIAIS EM
LUGAR CONFIÁVEL E COM MATERIAL ESTERILIZADO. No dia a dia
vou empurrando as cutículas e passando esmaltes. LEMBRE-SE QUE O
RISCO DO BRAÇO INCHAR É PARA SEMPRE!
Bão, a prosa tá boa, mas meu braço está pingando de dor e
este é o sinal: PARE IMEDIATAMENTE! Depois escrevo mais. Xau. Bjin. Marina.
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