LINFEDEMA: O RISCO NOSSO DE CADA DIA
Marina da Silva
Foto
Marina da Silva. Eu, após o trabalho fora de casa; busão na ida e volta, caminhada até o ponto e espera; repare como as veias estão super cheias no
lado direito!
Linfedema (acúmulo
de linfa) é o mesmo que inchaço ou edema e no câncer de mama SOMENTE mulheres
que fizeram o esvaziamento axilar ou retirada dos linfonodos [linfadenectomia]
correm o risco de perder a “invisibilidade” social! Hã??
Explico: após
o término de todas as etapas do tratamento somos “iguais” a todos os
invisíveis, as gentes "normal". Mas se descuidarmos do lado operado, esvaziado, o braço incha pelo
acúmulo de linfa, o edema se instala e se persistir a falta de atenção aos
cuidados, limites e fisioterapia principalmente em casa e no trabalho repetindo
os exercícios após tarefas] bau bau!
Após
instalado, fica difícil reverter o inchaço sem fisioterapia e o bração inchado
atrai a curiosidade alheia que relaciona o inchaço com a doença elefantíase,
nome comum da Filariose, doença transmitida pela picada do mosquito Culex!
www.google.com.br/images.
Antes e depois da fisioterapia. Observe a redução do inchaço, as marcas são da
perimetria. "Considera-se
linfedema a diferença de pelo menos 2 cm entre os membros, em um ou mais
pontos, obtidos através da perimetria ou volume residual de 200 ml obtido de
forma direta (volume de água deslocada) ou indireta (perimetria).”
Aprendi na fisioterapia ouvir meu corpo e que a
vermelhidão, a dor e o inchaço são as vozes que não podem deixar de ser ouvidas
por nada neste mundo! Ache seus limites nas tarefas executadas e preste atenção aos sintomas!
Deus me livre e guarde dos transtornos do linfedema: dor,
inchaço, limitações no trabalho, risco de infecções e o pior, os olhares
bisbilhoteiros de medo e nojo! Cá entre nós, é muito bom ser considerada "normal", mas não abuse!
Eu e minha carinha NORMAL no 6º Encontro Nacional Amigas do Peito. Barueri. São Paulo.2014. Uma anja! rsrsrs
Fui
encaminhada para a fisioterapia ainda na fase da cirurgia para iniciar
imediatamente o controle.
Eu, a NORMAL, trabalhando sem a luva compressiva. INVISIBILIDADE TOTAL, mas o risco está em toda parte. Trabalho com orelhas de pé, de tanto medo de me acidentar. A luva me trazia olhares incomodativos e palavras piores ainda. Preferi correr risco...
Meu
aparato anti-linfedema
Eu
aparatada para faxinar, lavar, cozinhar, passar minhas roupas [cada um passa as suas era assim antes do divórcio, e roupas de cama e
banho não passo]: sutiã especial e faixa nas mamas, luva de compressão. As
vezes apenas enfaixo o braço.
Desde
que fui liberada para a fisioterapia aprendi e repito os exercícios de drenagem
linfática e uso em casa o meu aparato anti-linfedema: luvas de compressão,
faixas de compressão, sutiã reforçado, faixas nas mamas, cintas e o escambal!
Fim do dia ou quando o "bicho pega" na dor: gelo, drenagem linfática manual e auto-enfaixamento. Uso pomadas e gel de arnica, cânfora, Cataflan, Gelol e analgésico e até calminex bichú se a doooooooooooooor for aguda! Sempre me ocorre um perregue no busão. BH tem o pior transporte público do mundo, África subsaariana inclusa!
Com o treino o auto-enfaixamento vira moleza!
O MINISTÉRIO DA SAÚDE INFORMA:
O que
diz o Consenso 2004/INCA [Instituto Nacional de Controle do Câncer] sobre o
linfedema e cuidados no câncer de mama?
www.google.com.br/images.
“6.3. Fisioterapia
Durante a terapia adjuvante e no seguimento, deve-se priorizar a prevenção e minimização das complicações,
sejam elas linfáticas, posturais, funcionais e/ou respiratórias. As recomendações para a prevenção, diagnóstico e
tratamento do linfedema são apresentadas no ANEXO 3. Para o controle dos
sintomas álgicos, as pacientes devem realizar
exercícios domiciliares, manobras ativas de relaxamento muscular e automassagem
no local cirúrgico. A atividade
física deve ser recomendada, sendo contra-indicado o uso do braço em movimentos
rápidos e de repetição, assim como atividades com carga.
A atuação do fisioterapeuta deve ser iniciada no
pré-operatório, objetivando conhecer as alterações pré-existentes e identificar
os possíveis fatores de risco para as complicações pósoperatórias, e quando
necessário, deve ser instituído tratamento fisioterapêutico nesta etapa,
visando minimizar e prevenir as possíveis seqüelas. No pós-operatório imediato,
objetiva-se identificar alterações neurológicas ocorridas durante o ato operatório,
presença de sintomatologias álgicas, edema
linfático precoce.” (grifos meus)
Aparatada
assim vou a luta todo dia como Rambo, Exterminador do linfedema! Faço faxina,
passo roupas, arrumo a casa, cozinho, limpo armários, cuido de plantas e o
escambal, no meu limite, que é 60 minutos aparatada e se eu abusar ou fazer sem o aparato é
dor líquida e certa pelo acúmulo de linfa! Fiquei sem empregada logo após a
quimioterapia, mas tinha ajuda do marido e filha. Depois resolvi me aparatar
com aparelhos eletrodomésticos que me facilitassem a vida e diminuíssem os
riscos de dor e inchaço!
Bju. Pandiquejú uai! Marina
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