EU E O LINFEDEMA
Boooooooooooora faxinar! Lavo, passo, cozinho, faço feira e supermercado...SÓ APARATADA.
Julho/2002. Fui encaminhada à fisioterapia 15 dias após a cirurgia (retirada de drenos e pontos) com um leve edema (normal após cirurgias) que regrediu nas primeiras semanas. Decorei todos os exercícios de drenagem linfática e respiratórios (já contei que parei de respirar no dia que recebi o diagnóstico? rsrsrs). No início meu ex-marido e filha me ajudavam com os exercícios, pois estava fraca, cabeça ruim, tive flebite no braço direito e sentia muitas dores! Comprei meu aparato anti-linfedema (luva especial, faixas de compressão para a mama, cintas, braço, faixas comuns). Tudo caríssimo! Nem o SUS ou planos privados fornecem este material.
Meu aparato anti-linfedema: em casa uso tudo que tenho direito, no trabalho não uso a luva de compressão. Cheguei a usar nos primeiros anos 2003-2005, mas fiquei incomodada com a perguntação: o que você tem no braço é ler...deza? Afffffff. Mário Quintana, que Deus o tenha, realmente tem razão: o pior chato é O CHATO PERGUNTATIVO! E o assédio moral descarado ou velado dos chatos fdp's? NUNCA PERMITA QUE TE MAGOEM COMO EU PERMITI ANOS A FIO! Saburrinha dimais que sou aliada à baixíssima autoestima e às metástases psicológicas, isto é, ideias malucas que tomam nossa cabeça e nos paralisam! RECENTEMENTE VOLTEI A USAR LUVAS E SUTIÃS DE COMPRESSÃO DEVIDO A REESTRUTURAÇÃO DA INSTITUIÇÃO E REDUÇÃO DE FUNCIONÁRIOS A PARTIR DE 2011.
De julho/2002 a Abril/2003 vivi com as orelhas de pé e fiz tudo religiosamente e com ajuda dos meus escudeiros!
Após licença médica de 11 meses... Contei que pirei o kbeção, quase morri de medo, entrei em deprê profunda, tive crises de pânico, quase matei a família? rsrssrsrs. Então...
Voltei ao trabalho após perícia médica e readaptação no mesmo local de trabalho, mas em outra atividade (mais didática, como higienista dental, atendendo crianças). Fugi de tudo que era material odontológico contaminado, exercícios repetitivos, evitando o máximo carregar peso. Na primeira semana de trabalho sumi com a luva de compressão: odiei as perguntas indiscretas, a cara de dó ou insinuações ofensivas e piadas LER?...DEZA! Tudo me ofendia, vivia à flor da pele, emocionalmente instável e assumi o compromisso da invisibilidade correndo literalmente de qualquer coisa que levasse ao linfedema! Fiquei noiada!
Passar roupas pode? Sim, com luva e totalmente aparatada e no meu limite, 1H. Em hora eu separo as roupas entre passar e só dobrar e guardar: lençóis, colchas, cobre-leito, edredons, capa de travesseiro e almofadas, toalhas nunca mais passei. Quando era casada passava tudo ou dividia a tarefa. Hoje, divorciada, as tarefas diminuíram 99%!
Cada um e cada qual estabelece o seu limite de atividades domésticas e no trabalho fora de casa e este limite é dado pela dor e inchaço. Eu sinto dores e peso no braço, mão e mama D.
Neste perrengue tive que lidar com dois terrores: medo de morrer e medo do linfedema! Sobrevivi nos primeiros meses aos trancos e barrancos com a ajuda de fisioterapeuta, psicoterapia (psiquiatra/psicanalista), com os tarjas-pretas anti-depressivos e ansiolíticos. Meu lema era (não ria): “cabeça vazia oficina do diabo” e contra o pemba do capeta satanás... TRABALHO!
Meu kit para drenagem manual e alívio das dores na mama e braço, punho, mão! Mas ainda tem geeeeeeeeeelo!
Para não “pensar” o jeito era me ocupar em casa e no trabalho. Nesta fase ganhei o apelido de “burrita” de Dra Hilda Iturriaga Himenez, a fisioterapeuta, porque abusava, morria de dores, enchia a cara nos analgésicos, nas drenagens linfáticas em casa e na fisioterapia! Nunca fuxiquei (artesanato) e faxinei tanto na minha vida! Virei dona NEURA! Só a doooooooooor me parava! Affff Obrigada doutora Hilda! Quinze anos de fisioterapia semanal e religiosa toda sexta-feira!
A luta mais difícil depois do tratamento do câncer foi aceitar-me como uma PNE- Portadora de Necessidades Especiais, o mesmo que ter limitações e eu traduzia como deficiente nos olhos de todos! Então queria fazer tudo que fazia antes do perrengue para parecer normal! Não foi a sorte que evitou o inchaço do meu braço, foi o medo do inchaço em primeiro lugar e a disciplina na fisioterapia e repetição de tudo que aprendia todos os dias em casa ou no busão. Cortes e queimaduras na cozinha, tombos na rua e no busão, queimar passando roupa ou tirando comida do forno ou microondas, contusões e cortes nas brincadeiras com meu cachorrinho, um super mega pastor alemão. Tudo acontece comigo e sempre no lado que NÃO PODE ACONTECER NADA! kkkkkk
Meu diário contando como foi o perrengue câncer virou livro e está a venda. Compre o seu na www.amazon.com.br e baixe aplicativo para ler no seu celular, iphone, ipad e iscambal! Merci. rsrsrs
Veja na foto: é assim que ficam minhas mãos após um dia de trabalho, mas ainda tem o trabalho em casa! As veias quase pulam de tão cheias e aí tenho que parar e fazer drenagens e massagens. Atualmente parei com analgésicos e só uso arnica, cânfora e EM CASO DE ACIDENTES [sempre no busão. kkkkk] uso oral analgésicos e anti-inflamatórios quando vou fazer os exercícios de drenagem.
Machuquei no busão de novo? Afff. Dia sim e outro também no BRTranstorno, o pior e mais desrespeitoso e caro transporte público do Brasil e quiça das galáxias. É incrível como tudo que pode dar errado acontece no lugar onde não posso ter nadica de nada! Graças a Deus minha vacina contra Tétano está super em dia!
Ocupar o kbção dói pra cara...mba! Um dia, mais pra baixo que a sola de sapato, mais insignificante que cocô do cavalo do bandido, acatei (como ordem médica) escrever meus sentimentos! Melhor conselho que recebi na vida, obrigado Dr. Gabriel de Almeida Silva Jr., Te Amo!
Em 2005 parte do meu diário foi publicado pela COOPMED- selo Pelicano.10% das vendas do livro, parte que me coube, era doado ao PA-Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas/UFMG. O contrato acabou em 2010, não foi renovado e agora o livro está a venda no site www.amazon.com.br juntamente com o novo diário: CÂNCER DE MAMA: não morri...nem de medo. DEZ ANOS DEPOIS e a renda será usada sempre em favor da prevenção e assistência aos pacientes vítimas do câncer.
Fui salva com a escritoterapia. Escrevi um diário que virou livro, foi publicado, salvou minha cabeça e meu braço, recebi alta da fisioterapia [mas como não conseguia ficar quieta, voltei e estou até hoje com Drª Hilda; escrevi um livro para o psicanalista, virei iscrivinhadora, e nunca mais parei! Resolvi continuar com as sessões de fisioterapia porque as metástases psicológicas (medo de morrer)... é uma disgreta* total federal! Voltei para facul, fiz duas especializações em: Saúde Mental e Trabalho e Direito material e Processual do Trabalho. Vivi aceleradamente até início de 2008, correndo risco de edema no braço e fazendo mil e uma coisa, um verdadeiro "Bombril" e tudo para não pensar em recidiva, isto é, medo da doença voltar nos 5 anos de hormonioterapia! Burra e doida! Tnfuleco!
Foto tirada em 2006 quando voltei a usar esmaltes e jogar cores na minha vida. Passei longo período usando branco ou preto, retrato fiel de como via o meu mundo e futuro. É preciso ter projetos e sonhar, disse-me Drª Hilda e entendi que era para pensar em longo prazo e não que iria morrer a qualquer segundo!
NÃO FAÇO UNHAS DAS MÃOS, SALVO, PARA OCASIÕES ESPECIAIS EM LUGAR CONFIÁVEL E COM MATERIAL ESTERILIZADO. No dia a dia vou empurrando as cutículas e passando esmaltes. LEMBRE-SE QUE O RISCO DO BRAÇO INCHAR É PARA SEMPRE!
Bão, a prosa tá boa, mas meu braço está pingando de dor e este é o sinal: PARE IMEDIATAMENTE! Depois escrevo mais. Xau. Bjin. Marin
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